Três perguntas para saber mais sobre o CBG

Quando combinado com outros canabinoides, como o CBD, o THC ou o CBN, o CBG potencializa os efeitos terapêuticos de cada composto individual.

Já sabemos que existem aproximadamente 400 substâncias diferentes na maconha. Dessas, 60 são da família dos canabinoides, que são responsáveis pelos efeitos que a planta causa em nosso corpo. As flores produzem naturalmente esses canabinoides através de estruturas minúsculas chamadas tricomas glandulares, que liberam uma substância pegajosa. Alguns desses compostos incluem o canabinol (CBN) e o canabigerol (CBG).

A APEPI é a única associação brasileira que produz óleos com CBG, extraídos do cultivo da planta em nossa sede campestre. Convidamos o Dr. Rodrigo Pacheco, Médico de Família e comunidade, ex- aluno da APEPI Escola e atual professor do curso de Prescrição de Cannabis Medicinal da APEPI, para tirar as 3 principais dúvidas sobre o CBG, canabinoide ainda pouco conhecido no Brasil, mas que tem incríveis potenciais terapêuticos e é cultivado na Fazenda Sofia Langenbach. 

1. Quais são os efeitos medicinais do CBG no corpo humano, e como ele se compara a outros canabinoides como o CBD e o THC em termos de propriedades terapêuticas?
Apesar de menos comum, o CBG é a molécula geradora do THC e o CBD, e didaticamente, podemos até dizer que tem características parcialmente semelhantes a essas 2 moléculas. Um dos potenciais do seu uso é que, diferentemente do THC, o CBG não é psicoativo, o que o torna interessante como alternativa para alguns pacientes mais intolerantes ao THC. Suas propriedades anti-inflamatórias podem ser benéficas para condições como a fibromialgia e a doença inflamatória intestinal, entre outras.
Ainda é uma molécula com poucos estudos clínicos, mas já sabemos do seu potencial terapêutico como analgésico, anti-inflamatório e ansiolítico além de parecer interessante adjuvante em tratamentos com antimicrobianos e terapias antineoplásicas.

2.E quais são os diferenciais em relação aos medicamentos alopáticos?
Além de uma abordagem mais natural para o tratamento de certas condições, o CBG tem potencialmente menos efeitos adversos em comparação com alguns medicamentos farmacêuticos. Como os canabinoides interagem com o sistema endocanabinóide do corpo, eles também têm efeitos mais holísticos em comparação com medicamentos alopáticos tradicionais que visam alvos específicos no corpo.
Assim, essa é uma ótima opção aos pacientes que não estão respondendo bem aos tratamentos convencionais e necessitam de abordagens alternativas. Pode ajudar também pacientes que já iniciaram tratamento com cannabis e necessitam potencializar seus efeitos e estão mais inseguros no uso do THC ou apresentaram efeitos colaterais com o uso dele.
É importante lembrar que por ser um canabinoide de ação bem singular, já que atua em muitos receptores dentro e fora do sistema endocanabinóide como os receptores alfa 2adrenérgicos, precisa ser prescrito por médicos que os saibam manejar.

3.Quais são os benefícios do CBG quando combinado com outros canabinoides?
Quando combinado com outros canabinoides, como o CBD, o THC ou o CBN, o CBG potencializa os efeitos terapêuticos de cada composto individual. Isso é conhecido como o “efeito entourage” ou “efeito de sinergia”. Por exemplo, a combinação de CBD e CBG pode fornecer benefícios adicionais para o alívio da dor ou redução da inflamação, enquanto também pode ajudar a minimizar os efeitos psicoativos do THC quando presente.

* Dr. Rodrigo Maranhão é Médico de Família e Comunidade, com Especialização em Acupuntura e mestrado em Saúde Pública ENSP/Fiocruz. Foi preceptor da residência de Medicina de Família e Comunidade da SMS-RJ (RMFCRio)/Rocinha e RMFC UFRJ/ENSP Hoje na coordenação do ambulatório de Canabis Medicinal de Volta Redonda

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