O uso da maconha para fins medicinais já é uma prática conhecida há mais de 4.000 anos. No entanto, o caminho para entendermos os mecanismos de atuação da planta vieram nas últimas. Um passo importante foi a descoberta do sistema endocanabinoide. Atualmente, já sabemos que o corpo possui receptores próprios para a planta. Além disso, produzimos substâncias internas muito semelhantes aos canabinoides. É o caso da anandamida. Venha conhecer este endocanabinoide e como ele é crucial para o bem-estar físico e mental.
O que é a anandamida?
A anandamida é um neurotransmissor que atua tanto sob o sistema nervoso central quanto no sistema nervoso periférico. Conhecida como o neurotransmissor da felicidade, o seu efeito no corpo vai muito além disso. A anandamida influencia o humor, o bem-estar e os mecanismos de recompensa. Apresentar também correlação com a inibição da dor, como na prática de atividades físicas, o runner’s high.
A anandamida é funcionalmente semelhante ao tetrahidrocanabinol (THC). Isto porque tanto a anandamida quanto o THC se conectam aos mesmo receptores endocanabinoides.
O que são receptores endocanabinoides?
Os receptores endocanabinoides (ou receptores canabinoides) são receptores celulares que regulam diversas funções fisiológicas. Estão presentes em diversas partes do corpo e por isso ajudam a regular sensações de dor, humor, apetite, memória, inflamação e neuroproteção.
Os receptores endocanabinoides se dividem em CB1 e CB2. De modo geral, os receptores CB1 estão presentes em maior quantidade no sistema nervoso central, ao passo que o CB2 é predominante no sistema imunológico e em tecidos periféricos. Os receptores canabinoides são a porta para os potenciais terapêuticos do sistema endocanabinoide.
Como os endocanabinoides ativam o sistema endocanabinoide?
Os receptores endocanabinoides se ativam quando entram em contato com os endocanabinoides, assim como em contato com os canabinoides da planta. Esta interação é a responsável pelos efeitos de modulação e homeostase das reações metabólicas.
Por se conectar com os mesmos receptores que a anandamida, o THC possui importantes propriedades medicinais. O THC pode ser uma alternativa para o tratamento de dores neuropáticas e oncológicas, distúrbios musculares, náuseas e vômitos. Tanto em associação ao canabidiol (CBD) quer em uso isolado do THC. Outro canabinoide com efeitos semelhantes é o canabigerol (CBG).
Quais são os efeitos da anandamida?
A anandamida é uma molécula mensageira. Nesse sentido, ela atua sobre os receptores CB1 do sistema nervoso central e ajuda a produzir efeitos de prazer, relaxamento e redução da ansiedade. Há evidências de que baixos níveis de anandamida podem estar relacionados a transtornos de humor, como depressão e ansiedade.
A anandamida ajuda a produzir sensação de relaxamento, o que pode influenciar positivamente o sono, em especial o sono REM. Do mesmo modo, ela ajuda atua na redução das dores por ação nos receptores CB1 e em menor grau nos receptores CB2. A interação da anandamida com o cérebro pode interagir com outros neurotransmissores, como a dopamina, serotonina e o glutamato.
Nesse sentido, ela ajuda a modular indiretamente o sistema serotoninérgico, o que pode facilitar a liberação de serotonina em algumas partes do cérebro. O mesmo fenômeno ocorre com o sistema dopaminérgico. No entanto, estudos preliminares sugerem que altas concentrações de anandamida podem ser prejudiciais para a memória.
Como melhorar a produção da anandamida?
Uma das melhores formas de melhorar o nível dos endocanabinoides é com a prática de exercícios físicos. Os estudos sugerem que as atividades físicas frequentes melhoram a produção de endocanabinoides, assim como melhoram a sensibilidade dos receptores.
Do mesmo modo, a alimentação pode ser uma importante fonte de anandamida. Isso porque alimentos ricos em gorduras boas, como peixes ou o chocolate amargo, possuem substâncias precursoras, que servem de fonte para a produção da anandamida. Em vias gerais, tratamentos com óleo de cannabis ajudam a regular o funcionamento do sistema endocanabinoide, cabendo a um médico prescritor definir a melhor estratégia e posologia.