A Cannabis oferece um universo de possibilidades para a medicina. O uso dos canabinoides pode ser uma forma efetiva de tratamento para diversas patologias. Por isso, a medicina endocanabinoide não para de crescer e buscar novas aplicações. Além dos componentes mais famosos, outros vêm sendo estudados e podem ser importantes alternativas. Este é o caso do canabinol (CBN). Venha conhecer um pouco mais deste canabinoide e suas possibilidades de uso.
Para conhecermos o canabinol, precisamos passar pelos caminhos da maconha medicinal. Entre os fitocanabinoides, os mais utilizados pela medicina têm sido o canabidiol (CBD), o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabigerol (CBG). Estas substâncias possuem estudos mais robustos que comprovam a eficácia no uso. No entanto, muitos outros componentes da possuem aplicação terapêuticas. Assim, o CBN é um desses canabinoides que podem melhorar ou ampliar tratamentos.
Além disso, precisamos entender o sistema endocanabinoide. Em resumo, possuímos estruturas celulares conhecidas como receptores CB1 e CB2, distribuídas por todo o corpo. Quando ingeridos, os canabinoides se conectam a estes receptores e ajudam a regular diversas reações metabólicas. Isto ocorre devido a semelhança entre os compostos da planta e diversas moléculas produzidas pelo organismo, como os hormônios. Sabendo isso, podemos compreender melhor o CBN.
Qual é a origem do canabinol?
O CBN surge através da maturação do THC, em virtude do contato com o oxigênio. Outro caminho para o surgimento do CBN é o aquecimento do THC em altas temperaturas. Assim, o canabinol é mais comumente encontrado em plantas mais velhas. Sua concentração, no entanto, costuma ser menor do que 1% entre todos os quimiotipos da Cannabis.
Apesar de ser derivado do THC, o CBN não possui os mesmos efeitos psicoativos. O mesmo fenômeno ocorre com o THCV (tetrahidrocanabivarina), que se assemelha muito ao THC em estrutura molecular, e com o CBG, que possui aplicações similares ao THC.
Quais as possíveis aplicações do Canabinol (CBN)?
Estudos sugerem que a principal aplicação do canabinol está no auxílio natural para o sono, por ser capaz de induzir o estado de relaxamento. Este mesmo tipo de ação é o que permite ao CBN ser uma opção como analgésico. O uso potencial do canabinol está em seu efeito anti-inflamatório.
No sistema endocanabinoide, o CBN possui afinidade tanto com os receptores CB1 quanto com os receptores CB2. Semelhantemente a outros canabinoides, o CBN interage com o CB2 e ajuda a liberação de citocinas anti-inflamatórias. Pode, portanto, ser uma importante alternativa para o tratamento de dores crônicas, como nas artrites e artroses, que envolvem a inflamações locais. Do mesmo modo, pode também uma alternativa para atletas, no alívio de dores e no tratamento de lesões.
Outro importante efeito do CBN está na neuroproteção. Um estudo com modelos animais demonstrou que o canabinol foi capaz de postergar significativamente os avanços da esclerose lateral amiotrófica (ELA). Desta forma, novos estudos são necessários para demonstrar esta e outras possibilidades de uso do CBN no tratamento de doenças neurodegenerativas.
Mais uma possibilidade de uso do CBN é na redução da pressão intraocular. Estudos sugerem indicam o potencial terapêutico deste canabinoide para o tratamento do glaucoma. Ele pode ser também uma alternativa para pacientes que não possam fazer uso do THC.
A importância da Maconha Medicinal
O uso da maconha na medicina é uma realidade que beneficia um incontável número de pacientes. Até aqui a ciência foi capaz de descobrir diversas possibilidades para o uso da planta. Novos estudos são necessários para comprovarmos novas aplicações terapêuticas e levar saúde e bem-estar para as pessoas.
Investir em pesquisas sobre Cannabis é um dos compromissos da APEPI. Atuamos ao lado de importantes instituições de pesquisa e universidades, como Fiocruz e CIATox-Unicamp para buscar avanços na maconha medicinal e desenvolver opções de tratamento com preços acessíveis e justo, que possam garantir o direito à saúde.