NY Times revela: Presidente dos EUA que começou a Guerra às Drogas não considerava a maconha “particularmente perigosa”

Neste mês o New York Times, um dos principais órgãos de imprensa do mundo, trouxe a público gravações internas que revelam um lado desconhecido da guerra às drogas iniciada por Richard Nixon. O então presidente estadunidense foi o responsável por iniciar em 1971 o processo global de criminalização de diversas substâncias e caça a seus usuários. O que agora se sabe é que Nixon considerava que a maconha não era “particularmente perigosa”.

De acordo com a matéria, os áudios são parte de um sistema de gravação secreta e ficaram armazenados em fitas disponibilizadas recentemente. Sobre a Cannabis, foram encontrados registros de Nixon declarando a um pequeno grupo de assessores em março de 1973 que a planta “não era particularmente perigosa”. Em outro momento, o presidente demonstrou-se preocupado com punições duras aos usuários, que, em suas palavras “devem ser proporcionais ao crime”.

Especialistas apontam que o descompasso entre as opiniões internas de Richard Nixon e sua política repressiva se deu pelo contexto político da época, no qual a opinião pública expressava posições proibicionistas. Os áudios aparecem em um bom momento, quando retornam as discussões sobre a política de drogas e a Cannabis, tanto nos EUA quanto no Brasil.

Nos últimos meses, o Departamento de Justiça americano vem sinalizando a intenção de remover a maconha da lista das drogas consideradas mais prejudiciais. Aqui, enquanto o STF decidiu descriminalizar o porte de maconha, tramita no Congresso a PEC nº 45/2023, que visa criminalizar o porte e a posse de qualquer quantidade de droga.

Revisitar a história das políticas proibicionistas nos obriga a refletir sobre os desastrosos resultados da guerra às drogas, que levou ao encarceramento e à morte de um incontável número de pessoas ao longo de décadas. Além dos efeitos sociais, o proibicionismo atrasou consideravelmente os avanços científicos e médicos, bloqueando o progresso em áreas como o uso medicinal da Cannabis para o tratamento de condições como epilepsia, esclerose múltipla e dor crônica. O estigma e as barreiras legais ao cultivo e estudo da planta limitaram a capacidade dos pesquisadores de explorar seu potencial terapêutico por décadas.

Por isso, é fundamental construir uma nova política para essas substâncias, capaz de mitigar as desigualdades históricas. 

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