Evento promovido pela EMERJ ignora especialistas e reforça preconceitos

Nesta terça-feira (03/09) ocorreu o evento “Descriminalização da maconha – aspectos médicos e jurídicos”, promovido pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – EMERJ, em sua sede no Centro do Rio de Janeiro. O que poderia ser uma oportunidade para a discussão sobre descriminalização e novas políticas de segurança e saúde pública serviu apenas para repetir velhos argumentos com pouco embasamento. 

O pretenso debate contou com representantes do mundo jurídico, médico e da segurança pública. No entanto, as vozes seguiam o mesmo tom, o proibicionismo e a desinformação, em especial ao ignorar as diversas propriedades terapêuticas da Cannabis e inserir diversas pautas que fogem ao debate. 

Outro aspecto a se lamentar foi a ausência de especialistas em medicina endocanabinoide que poderiam embasar o debate com discussões atuais e em consonância com os mais recentes estudos. Do mesmo modo, não houve qualquer convite formal para a participação das associações na discussão. 

Mesmo sem estar na mesa, a APEPI se fez presente por meio da Diretora Margarete Brito que, no meio das falas abertas ao público, fez questão de destacar a importância da Associação no debate sobre a planta e sua relevância social e econômica. 

— Nós temos aqui no Rio de Janeiro a maior fazenda de maconha do Brasil, na qual a APEPI toca hoje com 80 funcionários recebendo salário da maconha. — Destacou Margarete. 

 
Além de ir de encontro às recentes discussões do STF que resultaram na histórica votação que removeu o status de crime ao porte de maconha, o evento serviu para reforçar antigas visões equivocadas sobre a Cannabis. Assim, quem vence com um debate atrasado e permeado por antigos preconceitos são as fracassadas políticas de segurança e encarceramento em massa.  

Após o debate, Margarete comentou que esta não é uma situação nova, mesmo após anos de discussões: 

— Há dez anos, a APEPI tem marcado presença em eventos como este, e frequentemente nos deparamos com as mesmas ideias ultrapassadas e argumentos equivocados. Embora seja um trabalho cansativo, seguimos firmes na luta para disseminar conhecimento. Sabemos o quanto é crucial estarmos nesses espaços, trazendo informações baseadas na realidade e fazendo a diferença.

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