A Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) iniciou um estudo clínico inédito no Brasil. Em parceria com a APEPI, os pesquisadores irão avaliar os efeitos da Cannabis no tratamento da doença de Alzheimer. Esta condição é uma patologia neurodegenerativa progressiva, com impactos sobre a memória, linguagem, raciocínio e comportamento, e que acomete principalmente pessoas acima dos 65 anos. O óleo medicinal escolhido para o estudo é o Schanti, um óleo que combina a ação do canabidiol (CBD) e do tetrahidrocanabinol (THC).
O ensaio clínico, intitulado CANTAD, irá acompanhar 124 pacientes com Alzheimer moderado, ao longo de três meses, com foco na redução da agitação. Portanto, o estudo utilizará escalas validadas de saúde e contará com um comitê independente de avaliação. A pesquisa será conduzida pela Dra. Tereza Raquel Xavier Viana, sob a orientação do Dr. José Eduardo Martinelli e coorientação do Prof. Dr. Ivan Aprahamian, com suporte da equipe de Geriatria da FMJ.
O estudo passou por aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). No momento, a pesquisa está na fase de inscrições para a pré-seleção de pacientes, através do formulário online. O ambulatório de Geriatria da FMJ será responsável pelo recrutamento. Entre os critérios de inclusão, estão: diagnóstico de Alzheimer moderado, idade acima de 60 anos, presença de um responsável e disponibilidade de ir periodicamente ao ambulatório.
Óleos de Cannabis para o Alzheimer
O tratamento dos pacientes acompanhados pela pesquisa será com o uso do óleo Schanti, fornecido APEPI. A escolha se deu pela composição equilibrada entre CBD e THC na composição do óleo. Estes canabinoides já possuem evidências em aplicações separadas para o tratamento do Alzheimer. Do mesmo modo, os pesquisadores destacam a confiabilidade no processo de fabricação da APEPI.
“O equilíbrio entre os canabinoides pode ter um impacto relevante na redução de sintomas neuropsiquiátricos, como a agitação. Estudos prévios indicam que o efeito combinado de CBD e THC, conhecido como efeito entourage, pode potencializar os benefícios terapêuticos”, explica a Dra. Tereza.
Papel das associações para o avanço da ciência
Segundo a Dra. Tereza, a participação da APEPI tem sido fundamental para viabilizar o estudo. “A APEPI tem um papel essencial no ensaio clínico e na democratização do acesso ao tratamento com cannabis medicinal. Tenho profunda gratidão à associação não só por transformar vidas, mas por acreditar no poder da ciência”, afirmou.
Ademais, a pesquisadora também destacou a importância das associações no fortalecimento da pauta nacional, no apoio à pesquisa e na divulgação científica. Sob o mesmo ponto de vista, as associações de Cannabis medicinal lançaram a campanha “Repense o Óbvio”, que busca reunir assinaturas ao manifesto que pede a regulamentação de suas atividades. Conheça a campanha e ajude o progresso da ciência no Brasil.