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Runner’s high: O barato da corrida vem da maconha? 

Que correr é bom demais, muita gente já descobriu. Junto com a melhora da condição física e das reações metabólicas, vem também um bem-estar mental. A prática regular da corrida, assim como de diversas modalidades, ajuda a gerar sensações de euforia, alegria e relaxamento. Por isso, muitos descrevem esta sensação como runner’s high, os chapadinhos e chapadinhas da corrida. Mas você sabia que esta plenitude provocada pelo esporte tem tudo a ver com a maconha?  

Venha conhecer o barato da corrida e como a medicina endocanabinoide pode melhorar a vida dos apaixonados pelo esporte
 

O que é o runner’s high (barato do corredor)? 

O runner’s high, a euforia do corredor, é um estado transitório de euforia e alegria, acompanhado da redução da ansiedade e inibição da dor. Outra característica é a sensação de quebra dos limites de tempo, espaço e força. Este conjunto de sensações não vem só com a prática da corrida, mas também de outras modalidades. O runner’s high pode vir tanto do esforço físico moderado e contínuo quanto de exercício de alta intensidade. 

Inicialmente, os cientistas acreditavam que o conjunto de sensações vinha através da maior produção interna de endorfinas. As endorfinas são substâncias naturais produzidas pelo cérebro e pela medula adrenal durante o exercício físico. Elas ajudam a inibir dor, cãibras musculares e aliviam o estresse. Contudo, estudos demonstram que as endorfinas são pouco capazes de cruzar a barreira hematoencefálica, um filtro natural que protege o sistema nervoso. Assim, os cientistas passaram a investigar a relação do runner’s high e o sistema endocanabinoide

Runner’s high e sistema endocanabinoide 

O sistema endocanabinoide é um conjunto de moléculas mensageiras e seus receptores internos. Estas substâncias são produzidas naturalmente pelo corpo humano, assim como por diversos animais. As moléculas são conhecidas como endocanabinoides, entre as quais se destaca a anandamida (AEA), associada ao controle do humor, apetite e prazer, e a 2-araquidonoilglicerol (2-AG), que atua na regulação da resposta imune e na proteção cerebral. 

Na outra ponta do processo, os receptores canabinoides estão presentes em diversas estruturas celulares. Os receptores endocanabinoides se dividem em CB1 e CB2. Os receptores CB1 estão, principalmente, no cérebro e sistema nervoso central. Eles ajudam a regular funções como a coordenação, memória, humor e percepção da dor. Já os receptores CB2 estão presentes, principalmente, no sistema imunológico e nos tecidos periféricos, e atuam na resposta imune e anti-inflamatória. 

Nesse sentido, estudos demonstram que os endocanabinoides, em especial a anandamida, produzidos durante a atividade física, são os principais responsáveis pela sensação agradável da prática esportiva. Os endocanabinoides são estruturalmente semelhantes aos fitocanabinoides, moléculas produzidas pela cannabis. Por isso, os canabinoides como o canabidiol (CBD), o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabigerol (CBG) atuam no corpo para regular o sistema endocanabinoide. 

A cannabis pode ajudar no esporte? 

A principal forma de uso da maconha para fins medicinais está nos óleos de cannabis. Isto porque o medicamento com canabinoides pode atuar como anti-inflamatório e analgésico, em especial para dor crônica e nociceptiva. Além disso, há propriedades ansiolíticas e de neuroproteção que podem ajudar atletas. 

Desde 2022, a NFL (Liga Nacional de Futebol Americano, em livre tradução) vem fomentando pesquisa sobre a aplicação do CBD em casos de concussão cerebral. Devido aos constantes choques, este esporte apresenta maiores riscos de lesões no sistema nervoso central. Outros estudos já sugerem os benefícios do CBD para estes casos. 

Algumas modalidades esportivas demandam uma alta ingestão de calorias e alimentos, como o fisiculturismo. Nesse sentido, o THC medicinal pode ser utilizado para estimular o apetite. Outro canabinoide que pode ter aplicação para atletas praticantes esportivos é o THCV (tetrahidrocanabivarina). O THCV pode ser útil para  reduzir o apetite e auxiliar no controle da glicemia. 

Outra forma terapêutica da cannabis para atletas é o uso tópico, em especial com a pomada de CBD. Seja isolado ou em sinergia com outros compostos naturais, o canabidiol pode atuar localmente para o controle da dor, cicatrização de feridas e apoio adjuvante na recuperação de lesões. 

Maconha é doping no esporte?  

Atualmente, a Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês) coloca o THC na lista de substâncias proibidas em competições, quando excede a concentração urinária limite de 150 ng/mL(nanograma por mililitro). Já o CBD é permitido apenas em extrato puro, que não apresenta todos os benefícios do óleo full spectrum, que preserva os canabinoides, flavonoides e terpenos

No entanto, ao contrário da WADA, Liga Americana de Basquete (NBA) autorizou o uso da maconha por seus atletas. A mudança resultou da demanda de diversos atletas. Recentemente, a NFL mudou suas regras em relação ao THC. A substância continua proibida. Contudo o limite estabelecido passou de 150 ng/mL para 350 ng/mL

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