Maconha na cabeça: Como a Cannabis interage com o GABA

Entenda como os canabinoides podem ser um aliado do seu cérebro.

Nos últimos anos, nos acostumamos a ouvir falar sobre a bioquímica que envolve o cérebro, um conjunto de complexas reações que vem cada vez mais sendo desvendadas pela ciência. Hoje, já somos capazes de compreender melhor, por exemplo, o papel dos neurotransmissores, os responsáveis por transmitir informações entre as células nervosas. Há neurotransmissores que enviam informações excitatórias, outros com ação inibitória e alguns são responsáveis por atuação moduladora. 

Um desses é o GABA (ácido gama-aminobutírico), o principal responsável pela ação inibitória dentro do sistema nervoso central. Na prática, este mensageiro avisa às principais regiões do cérebro — como o córtex cerebral, o hipocampo, o tálamo e o cerebelo — que é o momento de relaxar as atividades. E para esta missão, o sistema endocanabinoide pode ser um importante aliado. 

Como sabemos, os endocanabinoides ajudam a regular diversas reações em nosso organismo. Neste sistema, destacam-se os neurotransmissores como a AEA (anandamida) e o 2-AG (2-araquidonoilglicerol), que podem agir influenciando as atividades dos receptores GABA. Para tal, eles se ligam aos receptores canabinoides (CB1 e CB2) nos neurônios e ajudam a modular a liberação dos neurotransmissores, incluindo o GABA. 

Interação entre os endocanabinoides e o GABA

O resultado desta interação pode ter efeitos ansiolíticos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares. Alguns canabinoides tendem a facilitar este processo. É o caso tanto do CBD (canabidiol) quanto do CBG (canabigerol), que atuam também de forma indireta nesse sistema, ajudando a inibir a enzima de degradação do GABA, aumentando o tempo de permanência desse neurotransmissor na fenda sináptica. 

Desta forma, o tratamento à base de um desses canabinoides, ou de um mix entre eles, pode ser uma eficaz alternativa ao tratamento com medicamentos tradicionais, como os benzodiazepínicos. Isto porque os benzodiazepínicos também atuam potencializando os efeitos inibitórios do GABA, mas seu uso prolongado pode levar à dependência e a diversos efeitos colaterais. Por outro lado, a Cannabis, em especial o CBD, apresenta propriedades ansiolíticas e anticonvulsivantes, mas sem os mesmos riscos de causar dependência. 

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